Matéria do Jornal Vale Paraibano
Endereço eletrônico www.valeparaibano.com.br em "Cotidiano"*Encontrar obstetras dispostos em encarar as longas horas do trabalho de parto não é fácil no Vale do Paraíba; índice de cesarianas na região chega a 49%, acima da média nacional de 35%
Se tempo é dinheiro, nascer sem hora marcada nos dias de hoje é um grande privilégio. Mas a pequena Flora Liz, de apenas quatro meses de idade, teve essa sorte graças à determinação e à coragem de seus pais, Marcela Veiga e Fábio Diniz. Quando souberam da gravidez, eles confiaram o pré-natal a um médico tradicionalista, certos de que o bebê nasceria de forma natural quando estivesse maduro e preparado para vir ao mundo. Porém, no oitavo mês de gestação, tiveram a notícia de que a indicação era de cesariana e acabaram decidindo fazer o parto arriscado em casa, em São José dos Campos, com a ajuda de uma doula (parteira) e uma enfermeira obstetra.
Conta Marcela que, desde o início, o médico se comprometeu a fazer o parto normal. No entanto, faltando um mês para Flora nascer, ele indicou uma cesariana por perda drástica de líquido amniótico. “Fiquei decepcionada. Eu queria ser a protagonista do nascimento do meu filho. Chamei o Fábio, voltamos ao consultório, e o médico frisou que, se não fizéssemos cesariana, estaríamos colocando em risco a vida do bebê. Quando Flora nasceu, vimos que a bolsa ainda tinha bastante líquido”, lembra Marcela.
O que aconteceu no consultório médico com Marcela e Fábio vem se repetindo com inúmeros casais. A busca por obstetras dispostos a encarar um trabalho de parto tem sido missão penosa, não só nas cidades do Vale do Paraíba, mas em todo o Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, 35% dos partos da rede pública são cesarianos, o que representa 80% dos nascimentos em todo o país. Na região, a média é de 49%, enquanto o preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é de, no máximo, 15%. Em 2009, São José realizou 39% de cesarianas, Jacareí, 42%, Taubaté, 33% e Lorena, 83%.
Nos hospitais privados brasileiros, 84% dos nascimentos são feitos com hora marcada, ou seja, com intervenções cirúrgicas. Este cenário se repete nas maternidades particulares de São José e demais cidades do Vale. Para se ter uma ideia, o Hospital São José realizou 938 partos em 2010, dos quais apenas 168 normais (17%).
É consenso entre as gestantes, e profissionais da área também admitem, que isto vem acontecendo porque os médicos de convênios estão sobrecarregados e desmotivados pela baixa remuneração. Os profissionais de consultórios particulares andam com a agenda tão lotada que as pacientes não sentem segurança de que serão atendidas no dia do parto.
O médico Cesar Damasceno, obstetra com 25 anos de experiência e que atende em Jacareí, concorda que o relógio tem pressionado e que muitos profissionais hoje só aceitam fazer cesarianas. “Quando o médico marca o horário do parto, não precisa cancelar compromissos com a família, viagens, e nem a agenda do consultório”, explica.
Se tempo é dinheiro, nascer sem hora marcada nos dias de hoje é um grande privilégio. Mas a pequena Flora Liz, de apenas quatro meses de idade, teve essa sorte graças à determinação e à coragem de seus pais, Marcela Veiga e Fábio Diniz. Quando souberam da gravidez, eles confiaram o pré-natal a um médico tradicionalista, certos de que o bebê nasceria de forma natural quando estivesse maduro e preparado para vir ao mundo. Porém, no oitavo mês de gestação, tiveram a notícia de que a indicação era de cesariana e acabaram decidindo fazer o parto arriscado em casa, em São José dos Campos, com a ajuda de uma doula (parteira) e uma enfermeira obstetra.
Conta Marcela que, desde o início, o médico se comprometeu a fazer o parto normal. No entanto, faltando um mês para Flora nascer, ele indicou uma cesariana por perda drástica de líquido amniótico. “Fiquei decepcionada. Eu queria ser a protagonista do nascimento do meu filho. Chamei o Fábio, voltamos ao consultório, e o médico frisou que, se não fizéssemos cesariana, estaríamos colocando em risco a vida do bebê. Quando Flora nasceu, vimos que a bolsa ainda tinha bastante líquido”, lembra Marcela.
O que aconteceu no consultório médico com Marcela e Fábio vem se repetindo com inúmeros casais. A busca por obstetras dispostos a encarar um trabalho de parto tem sido missão penosa, não só nas cidades do Vale do Paraíba, mas em todo o Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, 35% dos partos da rede pública são cesarianos, o que representa 80% dos nascimentos em todo o país. Na região, a média é de 49%, enquanto o preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é de, no máximo, 15%. Em 2009, São José realizou 39% de cesarianas, Jacareí, 42%, Taubaté, 33% e Lorena, 83%.
Nos hospitais privados brasileiros, 84% dos nascimentos são feitos com hora marcada, ou seja, com intervenções cirúrgicas. Este cenário se repete nas maternidades particulares de São José e demais cidades do Vale. Para se ter uma ideia, o Hospital São José realizou 938 partos em 2010, dos quais apenas 168 normais (17%).
É consenso entre as gestantes, e profissionais da área também admitem, que isto vem acontecendo porque os médicos de convênios estão sobrecarregados e desmotivados pela baixa remuneração. Os profissionais de consultórios particulares andam com a agenda tão lotada que as pacientes não sentem segurança de que serão atendidas no dia do parto.
O médico Cesar Damasceno, obstetra com 25 anos de experiência e que atende em Jacareí, concorda que o relógio tem pressionado e que muitos profissionais hoje só aceitam fazer cesarianas. “Quando o médico marca o horário do parto, não precisa cancelar compromissos com a família, viagens, e nem a agenda do consultório”, explica.
*No endereço eletronico não havia assinatura do (a) jornalista nem data especificada.